Entrevistas

Augusto Ivan Pinheiro e Alfredo Britto



Augusto Ivan é arquiteto e planejador urbano, responsável pela criação e implementação dos Corredores Culturais do Rio de Janeiro; atualmente trabalha na CDURP (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro - www.portomaravilhario.com.br/cdurp).

Alfredo Britto também é arquiteto renomado, professor do Curso de Arquitetura da PUC-RJ e membro do Conselho Estadual de Tombamento (CET) do Rio de Janeiro; além de ser um apaixonado pela história do Rio (http://www.alfredobritto.com/).

Nosso encontro, ocorrido no LTDS, levou-nos a viajar pelo Rio Antigo através das histórias sobre a invasão dos corsários franceses, da construção do Jardim do Valongo e outros fatos que pontuam a história e o desenho da cidade. Muito generosamente, ambos nos trouxeram belas e interessantes memórias da região.

Perguntados sobre como veem o desenvolvimento do turismo naquele local, Augusto Ivan respondeu que conviver com o carioca já é, em si, um item turístico! A região é uma jóia e tem condições de se integrar à malha urbana do "Novo Rio", mas os moradores devem fazer um esforço para não deixar perder a alma do lugar. O Projeto Palácios do Rio concorda com esta posição e justamente nesse sentido converge seu trabalho.

Segundo o arquiteto, as obras de substituição da fiação aérea e a modernização da rede de esgoto e de água do topo do Morro já começaram. Como também já podem ser vistos crescerem os investimentos nos negócios gastronômicos e de entretenimento no entorno.
Para os amantes da história da cidade, vale ressaltar a indicação de Alfredo Britto de visita à Livraria do Instituto Pereira Passos, que, segundo ele, possui excelentes títulos sobre o tema.


Roberto da Luz



Roberto da Luz é arquiteto do INEPAC (www.inepac.rj.gov.br). Atualmente está fazendo um levantamento histórico específico sobre a região da Pedra do Sal com o objetivo de subsidiar ações para a preservação do local. Dentre outras modificações no equipamento urbano, ele bloqueará a entrada e o estacionamento dos veículos que hoje impedem a circulação a pé no Largo João da Baiana e a subida do Morro da Conceição pelas escadarias da Pedra do Sal. Espera-se, com isso, valorizar o Largo, tornando-o mais atraente e aconchegante para os transeuntes e frequentadores, além, claro, além de concorrer para o objetivo comum aos pesquisadores de áreas históricas, ou seja, a ajudando na conservação.

Roberto também está trabalhando na criação de placas de sinalização turísticas feitas de material semelhante à gnaisse da Pedra do Sal. Outra ação prevista será a realização de parceria com a Comlurb para que os moradores não mais precisem depositar o lixo nas portas dos antigos sobrados da Rua de São Francisco da Prainha.

Durante nossa conversa, Roberto nos revelou- o sonho de ver a recuperação do lugar realizada pelas próprias mãos dos moradores, principalmente jovens, formados em cursos de marcenaria ou carpintaria. "Imagine como deve ser gratificante para um rapaz poder dizer com orgulho que aquele lugar foi restaurado por ele!" ­ disse-nos Roberto.

Ainda nessa entrevista, Roberto da Luz se revelou um artista de múltiplas linguagens. Além de contrabaixista, ele trabalha com a restauração de livros antigos e, no fim do ano, pretende fazer uma exposição individual de algumas de suas obras de pinturas. Aguardamos o convite!

 
Frei Jacir e Adélia Villas
                     
 


A simpática Capela de São Francisco da Prainha, situada à Rua Sacadura Cabral, foi erguida entre 1696 e 1704, e doada aos cuidados da Venerável Ordem Terceira de São Francisco. Na época de nossa entrevista, ela era administrada pelo Frei Eckart Höfling e pelo Frei Jacir Zolet, com quem conversamos.

A VOT, em parceria com o Rotary Club e com a Comunidade Européia, empenha-se consideravelmente para manter a Capela e aos projetos sociais que acontecem nos sobrados que a ladeiam.

Os diversos programas de formação e atendimento aos moradores do Morro da Conceição (e do entorno) eram na época coordenados pela Srª. Adélia Villas: atendimento odontológico, recuperação de dependentes químicos, atendimento às mulheres grávidas, cursos profissionalizantes de cabeleireiro, manicure, corte e costura, artesanato...

A Srª Adélia nos contou sobre alguns destes projetos, como por exemplo, o de música, que teve como tema o resgate de peças do período colonial brasileiro. O projeto ficou tão interessante que terminou por ser ampliado, gerando uma peça de teatro, apresentada aos moradores no próprio Morro.

O Morro da Conceição também é tema enfatizado na Biblioteca Pública, que conta com um interessante acervo de títulos dedicados à Zona Portuária.
Além dos projetos, a VOT é mantenedora do centenário Colégio Padre Dr. Francisco da Motta, que atende cerca de 2000 alunos, de primeira série ao terceiro ano do Ensino Médio, uma creche e um centro cultural, todos na mesma região.

Com a mudança na administração da VOT, as obras sociais se encontram em recesso, aguardando as novas orientações.

Para mais informações sobre a Capela ou a VOT: www.vot.com.br/novo/i_capela.php


Paulo Dallier


Paulo Dallier é um dos artistas moradores do Morro da Conceição que atribuem ao lugar um carisma especial. Por entre os postigos sempre abertos das portas de sua casa, pode-se ter uma idéia da intensidade de sua produção. Dallier é um pintor expressivo que possui uma viva e diversificada palheta de cores, sempre vigorosas.

Sua casa é seu ateliê. Mas, além das paredes de seu local de trabalho, também é possível encontrar suas telas em casas comerciais do entorno, como nos restaurantes Imaculada Bar & Galeria (Rua João Homem) ou SaCabral Art Gallery (Rua Sacadura Cabral).

Sua produção cultural não se restringe às artes visuais. Em nosso encontro, Dallier nos contou da sua participação nos eventos ocorridos em anos passados na Fortaleza e no Palácio da Conceição, com o apoio da 5ª DL. Ópera, orquestra de violinos, representação dramática, além de exposições que congregaram os artistas locais. Estes foram alguns dos momentos em que a antiga capela do conjunto da Fortaleza da Conceição foi aberta ao público por influência do artista.

Do terraço de sua casa, de onde se descortina uma bela vista do porto do Rio, Dallier nos falou de sua ligação afetiva com o Morro da Conceição, que fez com que retornasse à mesma casa de sua infância, depois de alguns anos afastado. Quem sabe a ancestralidade corsária francesa não o tenha, de alguma forma, influenciado?

(São mais de 11 artistas e artesãos locais. Para saber mais sobre eles, suas obras e endereços, recomendamos o site do Projeto Mauá: http://www.projetomaua.com.br/)



Conversas



Durante esses meses, a equipe do Projeto procurou um grande número de pessoas e autoridades cujos interesses, de alguma forma, convergem para o Morro da Conceição, como o IPHAN, o INEPAC, as Secretarias Municipal e Estadual de Turismo, , professores, comerciantes, moradores, e frequentadores. Alguns desses encontros foram bastante ricos na medida em que abriram portas, indicaram novos contatos e caminhos a seguir na pesquisa, e nos deram uma melhor compreensão do nosso objeto de estudos.